quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Criadores negros. Genialidade e esforço para (re)inventar o mundo em que vivemos

Eles são muito pouco conhecidos de professores e estudantes. Embora muitos deles tenham sido cientistas e empreededores notáveis, continuam a frequentar muito pouco (mas muito pouco mesmo) as aulas de ciências e livros didáticos. Conheça alguns dos homens e mulheres negros que estão por trás de invenções importantes na história da humanidade

 
GARRET AUGUSTUS MORGAN

Ao contrário do que se pode imaginar, o inventor do semáforo (patenteado em 1923) e da primeira máscara contra gases (em 1921) não teve a infância típica dos “nerds”. De família pobre, nascido em 1877, em Kentuck, nos EUA, Garret abandonou a escola para trabalhar e, só mais tarde, conseguiu dedicar-se de novo aos estudos. Além de grande inteligência e uma enorme habilidade para consertar tudo o que via pela frente, o jovem Morgan tinha um forte lado empreendedor. Construiu sua própria máquina de costura quando abriu sua sapataria. Sua máscara contra gases foi patenteada pelo governo norte-americano e ele criou uma companhia para fabricar o invento. Este, aliás, teve grande saída durante a 1ª Grande Guerra, mas o negócio começou a naufragar quando os clientes descobriram que Garret era negro. O que fez ele? Para atenuar o preconceito contra a estética negra, acabou inventando um creme que serviria para alisar os cabelos. Nascia ali a GA Morgan Hair Refining Company. Este foi um dos vários negócios que este gênio visionário empreendeu até morrer, em 1963.

 
ALEXANDER MILES

Quem se arriscaria a entrar num elevador sabendo que a engenhoca poderia tombar vertiginosamente de uma altura considerável, levando todos, literalmente, para o fundo do poço? No século 19, passar por esse tipo de sufoco era bem comum, até quando Alexander Miles criou o elevador elétrico, patenteado por ele em outubro de 1887. É bem verdade que Miles – nascido em Ohio, em 1838, nos EUA – não foi o inventor da máquina, mas melhorou enormemente seu funcionamento, como o abrir e fechar das portas, que passou a se dar automaticamente. Ele criou também outro mecanismo automático, que passou a impedir o acesso ao poço, evitando os tão frequentes acidentes. Um avanço sem o qual não existiriam os arranha-céus de hoje.

OUTROS INVENTORES E INVENÇÕES

WILLIAM PURVIS


Imagine o que significava para uma pessoa, no século 19, ter que sair de casa para
assinar documentos e ainda ser obrigada a sacar um frasco de tinta   da   bolsa   ou 
da maleta para abastecer sua caneta? Este desgaste teve fim  quando   o  americano
Wiliam Purvis inventou, em janeiro de 1890, a caneta-tinteiro

LEE BURRIDGE

Hoje elas estão ultrapassadas, mas durante décadas as “máquinas de escrever” foram  sinônimos  de 
status e de produção para aqueles envolvidos com a escrita ou em serviços de escritório. O  francês
Lee Burridge não é, oficialmente, o inventor do produto, mas a ele são creditados importantes avanços
que prolongaram o tempo de vida dessas máquinas na sociedade, entre eles, um sistema mais eficiente
e rápido para se usar o teclado.


  



LLOYD RAY

A invenção de Lloyd Ray pode parecer banal, mas é de extrema importância para
aqueles que não querem sujar as mãos na hora de recolher   aquele   montinho  de 
sujeira: a pá de lixo. mas é de extrema sujeira: a pá de lixo








PHILIP DOWNING

Carteiros que nos gritam o nome, como sugere a música de Cícero Nunes  e  Aldo 
Cabral, sucesso nos anos 40 (“Quando o carteiro chegou e meu nome gritou  com
uma carta na mão...”) já não existem mais, mas a caixa de correio, invenção do afro-
americano  Philip  Downing, é  utilidade  até   hoje. A   “caixa   de   correio  de  rua” 
(denominação do próprio Philip) era um dispositivo de metal sustentado por 4 pernas
e foi patenteada em 27 de outubro de 1891.



WILLIS JOHNSON

Em 1884, ele patenteou uma criação para ajudar a misturar   ingredientes  de  forma 
mais rápida e, principalmente, higiênica. Revolução no mundo da culinária, o batedor 
de ovos e massas pode ser considerado o bisavô da moderna batedeira elétrica.


FREDERICK JONES

Nascido pobre, em Ohio, em 1883, não se imaginava que o menino negro Frederick Jones fosse driblar as dificuldades da vida e transformar-se num inventor notável. Órfão aos oito anos de idade, ele interrompeu os estudos muito cedo e, aos 16 anos, empregou-se como aprendiz de mecânica, área que estimulou sua capacidade inventiva. Interessado, inteligente e devotado à leitura, Jones aprendeu os mistérios da eletrônica, sozinho. De posse destas habilidades, criou um dispositivo capaz de casar som com imagem em movimento e chamou a atenção de empresários da indústria do cinema. Eram os anos 30 do século 20. Em 1935, o afro-americano deixou seu nome marcado pela criação de outro importante invento: o ar- condicionado. Morreu em 1961, tendo deixado em seu nome 66 patentes, das quais 40 na área de refrigeração.


JOHN STANDARD

Quando falamos de invenções e patentes, criar melhorias num artefato ou produto já existente pode ser algo de enorme importância, e John Standard foi um grande homem devotado a promover avanços tecnológicos. Graças a ele, a geladeira, que já existia no século 19, ficou bem mais próxima do eletrodoméstico que conhecemos hoje. Em 1891, John patenteou um modelo que substituiria com “certos novos arranjos e combinações das partes” – como ele informava num documento – os refrigeradores com designer antigo não elétrico e não motorizado, no qual uma câmara de gelo era preenchida manualmente para refrigeração. Standard também criou um modelo portátil de fogão a óleo.




 OUTROS INVENTORES E INVENÇÕES
JOHN LEE LOVE

Em 23 de novembro de 1897, John patenteou   um  invento  que  se  tornaria  item 
essencial no estojo de qualquer estudante: o apontador  de  lápis,  projetado   para
armazenar as aparas de madeira. A ferramenta, inventada por Lee, nasceu, portanto,
como uma prévia dos modelos mais modernos, aqueles embutidos em caixinhas que impedem as pontas de lápis e sobras de madeira de caírem no chão.



CHARLES BROOKS

Com uma invenção simples, ajudou a deixar as cidades mais limpas ao desenvolver  um  caminhão  com 
grandes escovas acopladas que retiravam a sujeira das ruas com mais facilidade.


HENRY BROWN

Em 1886, Henry patenteou um “receptáculo para armazenamento  e  preservação
de documentos (definição registrada na patente) que, com mais  desenvolvimento 
ao longo dos anos, hoje é conhecido como cofre.



ELBERT R. ROBINSON



A Em 19 de setembro de 1893, Elbert R. Robinson conseguiu a patente do
meio de transporte que substituiu o bonde puxado por animais e, infelizmente, 
até por seres humanos! Embora pareça estar fora de moda, o bonde elétrico ainda  é   bastante
usado em grandes cidades do mundo.



MIRIAM E. BENJAMIN

A invenção da professora de Washington, revolucionou o modo de atendimento nos bares e 
restaurantes. Em 17 de julho de 1888, Miriam conseguiu a patente daquilo que chamou   de 
Gong and Signal Chair, uma cadeira com um dispositivo sonoro e luminoso que permitia que
os clientes chamassem os garçons apertando um simples botão. Miriam foi a segunda mulher
negra a conseguir uma patente.
 
GRANVILLE T. WOODS

Coube a este outro notável afroamericano a criação do transmissor de telefone que revolucionou a qualidade e distância com que podia viajar o som. Ao morrer, com 56 anos, Woods deixou mais de 60 patentes em seu nome, muitas delas inovações que dinamizaram e fizeram avançar o funcionamento das ferrovias, com seus trens e bondes, por exemplo, o freio de ar automático usado para desacelerar ou parar trens. Na infância e adolescência, Granville não pôde contar com a educação formal para desenvolver suas aptidões na área de mecânica. Deixou o colégio aos 10 anos e tornou-se um autodidata. Somente na juventude, voltou à escola, com aulas no período noturno. Dono de uma mente brilhante, Granvilee foi contemporâneo de omas Edison – inventor da lâmpada elétrica incandescente e do gramofone, entre outros inventos – e com ele rivalizou. Edson chegou a processar o engenheiro negro, por considerar-se, ele próprio, e não Granvilee, o inventor do telégrafo multiplex. Perdeu a causa!



GEORGE CRUM

Em 1853, o cozinheiro de um restaurante em Saratoga Springs, em Nova York, estava empenhado em agradar um cliente que estava no local. No entanto, suas batatas foram a porque estavam grossas e meio macias. Para irritar o cliente, George Crum cortou e fritou novas batatas, mas, dessa vez muito finas, crocantes e com uma generosa quantidade de sal, sem falar que seria muito difícil espetá-las no garfo. E o que era para provocar, acabou virando a sensação do restaurante. A partir daquele dia, outros clientes começaram a pedir a invenção do chef negro, os chips de Saratoga, ou, as famosas batatas fritas.




SARAH E. GOODE

Em 14 de julho de 1885, Sarah criou um projeto de camadobrável. Com o final da guerra civil americana, ela se mudou para Chicago e, mais tarde, tornouse dona de uma loja de móveis e as reclamações de seus clientes quanto a falta de espaço para as camas em suas casas ou pequenos apartamentos, fizeram com que Sarah começasse a pensar em algo para acabar com esse problema. Foi a primeira mulher negra a receber uma patente nos Estados Unidos.






MADAME C. J. WALKER

Foi a partir de uma doença em seu couro cabeludo, que Sarah Breedlove faz fama e fortuna, se transformando na primeira milionária afro-americana entre a passagem dos séculos 19 e 20. Com a queda dos cabelos, ela começou a fazer experiências com remédios caseiros e produtos disponíveis no mercado até criar um xampu e uma pomada à base de enxofre que restaurava a saúde do couro cabeludo e reativava o crescimento dos cabelos. Já ao lado do segundo marido, Charles Joseph Walker, a inventora não parou mais de experimentar e criou toda uma linha de produtos de beleza voltados para negros e negras, principalmente para os cabelos. A empresa, a CJ Walker Manufacturing Company se tornou uma potência nos Estados Unidos e até hoje é sinônimo de beleza negra no país.

ALMADA, Sandra. Criadores negros. Genialidade e esforço para (re)inventar o mundo em que vivemos. RAÇA BRASIL. Disponível em: http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/161/artigo242579-1.asp. Acesso em: 08/12/2011.

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