A atuação como professora no
presídio de Cataguases, cidade da zona da mata mineira, foi o fator que
despertou em Ana Idalina o desejo de investigar a fundo o tema “prisões”, buscando
delinear, a partir da história de vida dos seus alunos, o perfil dos homens que
cumpriam pena e frequentavam a escola no ano de 2013. O livro que a professora
está lançando neste mês de agosto, que tem como título Criminalizar para punir: a dinâmica de neutralização da juventude pobre
e negra no Brasil , traz os primeiros resultados de sua pesquisa, obtidos
através de uma abordagem mais aprofundada da punição através dos tempos,
culminando com uma apresentação do significado da prisão dentro do contexto
neoliberal brasileiro, onde a mídia desempenha o papel de contribuir para a
criminalização dos jovens pobres e negros das periferias brasileiras, promovendo
uma espécie de convencimento da população de que a culpa da violência é dos
jovens pobres e negros do Brasil, legitimando a própria violência contra esses
jovens. O livro busca investigar as razões ocultas que movem o sistema punitivo
e traz, o final, um estudo de caso desenvolvido dentro da escola prisional, que
comprova as teorias apresentadas ao longo do estudo.
Com prefácio escrito por três
mulheres representativas no campo das prisões no Brasil, a primeira delas, Síntia
Soares Helpes, pesquisadora e escritora, a segunda, Cátia Lindemann, presidente da Comissão
Brasileira de Bibliotecas Prisionais, e
a terceira, Elizabeth de Almeida Silva, professora e ativista na defesa dos
direitos dos encarcerados, o livro busca fornecer fundamentação teórica, tanto
para estudantes de graduação e pós-graduação, quanto para os leitores que
buscam se armar de conhecimento para construir uma argumentação que solidifique
seu discurso, seja em conversas informais, seja para a escrita de textos sobre
o assunto.
De acordo com o prefácio escrito
por Síntia Helpes, "Criminalizar
para punir" é um livro imprescindível para compreender o que é o sistema
punitivo no mundo e no Brasil, já que a autora, Ana Idalina, apresenta, em sua
obra, “uma profunda e necessária análise sobre o sistema
punitivo e o papel central que ele ocupa na política econômica e social da maior
parte do planeta”. Síntia também ressalta a importância das referências
teóricas do estudo:
.Munida
de uma bibliografia muito respeitável, que inclui autores clássicos como
Rusche, Kirchheimer e Foucault e contemporâneos como Loic Wacquant e Vera Malaguti
Batista , Ana Idalina busca explicar o sistema punitivo em relação à estrutura
econômica e política com a qual ele se
relaciona. Enquanto torturas, execuções e multas eram as punições mais
adequadas na Idade Média, o cárcere tornou-se a
punição por excelência na modernidade.
Especialmente no momento que vivemos, quando se
torna tão clara a desigualdade no julgamento e punição de delitos, é importante
trazer à tona discussões como a que o livro aborda, a fim de se torne possível
uma percepção mais clara da necessidade não apenas de se aplicar a lei de forma
mais justa, mas principalmente de se reformular o código penal brasileiro.
Trata-se de uma leitura de fundamental importância para quem deseja
conhecer o tema mais a fundo
e pensar a questão da criminalidade e do
encarceramento em busca de soluções para o problema.
CRIMINALIZAR PARA PUNIR: a dinâmica de neutralização da juventude pobre e
negra no Brasil
88 páginas
Formato; 14 x 21
Editora AICN, 2017
ISBN 978-85-918218-2-2
Autora: Ana Idalina Carvalho Nunes (Mestra em
Ciências Sociais, especialista em Filosofia, Cultura e Sociedade, bacharela e
licenciada em Filosofia.
Preço: 30 reais
Pedido: (32)98463-6089
idalinadecarvalho@gmail.com