"Kandandu!" (abraço)... Esse é o cumprimento do meu amigo angolano Aristoteles Kandimba - ou Totti Angola - que me chama de kota (ancião) e vive na Holanda. Sempre que pode, ele vem ao Brasil para rever amigos, fazer pesquisas, mas, principalmente, para agitar as águas culturais afro-brasileiras
Totti Angola |
Sua missão é promover o reconhecimento da supremacia Bantu (ou banto), originária de Angola, Congo e Moçambique, na construção e formação da cultura brasileira. A quantidade de escravizados africanos oriundos das regiões onde viviam os Bantus foi dezenas de vezes superior à de qualquer outro povo africano. Ao voltar à Holanda, Totti aproveita a força das redes sociais, como o Facebook, para publicar suas crônicas sobre a cultura Bantu e debater com outros conhecedores e pesquisadores brasileiros que acreditam na hegemonia cultural nagô, ou yoruba.
Garante, por exemplo, que o berimbau, originalmente chamado urucungo, antes de acompanhar as rodas de capoeira, era um instrumento ritualístico entre os Bantu. “Perguntei a um mestre de capoeira da Bahia se sabia o significado da palavra urucungo. Ele me respondeu que não tinha a certeza, mas que seria de origem yoruba”, conta Totti. E mais, historicamente, na África, é comum vê-lo tocado por mulheres, uma raridade entre os capoeiristas.
Totti escreveu o projeto Entre Gungas e Kalungas, que pretende ser “um grande pilar na preservação e valorização da cultura de matriz Bantu, de maneira a estimular as pessoas a aprenderem e a reconhecerem essa cultura nas diásporas africanas”, afirma. Em sua última visita ao Brasil, deu o primeiro passo para implantação desse projeto no Rio de Janeiro. Na próxima, deverá chegar a São Paulo. Eu estarei nessa. Kandandu, Totti! Kandandu a todos os Bantus do Brasil!
FAUSTINO, Oswaldo. "O Brasil é Bantu", garante Totti. BRASIL RAÇA. Disponível em: http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/159/artigo238861-1.asp. Acesso em: 04/11/2022.
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