segunda-feira, 4 de junho de 2012

Olodumare - Deus Criador de Tudo

Ele possui muitos nomes, sendo o mais antigo Olodumare ou Edumare.
 
A palavra Olodumare constitui contração de Ol'(Oni) odu mare (ma re), o que significa Ol'(Oni) = senhor de, parte principal, líder absoluto, chefe, autoridade/ Odu = muito grande, recipiente profundo, muito extenso, pleno; Ma re = aquele que permanece, aquele que sempre é; Mo are = aquele que tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no céu e na terra e é incomparável; Mare = aquele que é absolutamente perfeito, o supremo em qualidades.
Alguns outro nomes de Deus são: Olorun, contração de Ol' = Senhor / Orun = céu, significando Senhor do Céu; Orise contração de Ori = cabeça / Se = origem, significando fonte da qual se originam os seres ou fonte de todos os seres; Olofin-Orun, contração de Olofin = rei / orun = céu, significando Senhor do Céu; Olori, contração de Oni = Senhor / ori = cabeça, significando Senhor de tudo o que é vivo.
São atributos do Ser Supremo: Único, Criador, Rei, Onipotente, Transcendente, Juiz e Eterno. É considerado Oyigiyigi Ota Aiku - a poderosa, durável, inalterável rocha que nunca morre. Não recebe cultos diretamente, porém sempre que uma divindade é cultuada a oração inicia por A se (axé): Possa Deus aceitar isso.
Orixás e Ancestrais
As entidades que habitam a dimensão supra-sensível são denominadas IRUNMALE e entre elas incluem-se os irunmale-divindades associados à criação  e cujo axé advém de emanações diretas de Olodumare e os irunmale-ancestrais, associados à história dos seres humanos. Os ancestrais masculinos, irunmale-ancestres - Baba-egun - têm sua instituição na Sociedade Egungun e os femininos, irunmale-ancestres - Iya-agba ou Iyami.
Os ancestrais masculinos têm representações individualizadas enquanto os femininos, exceto em ocasiões bem extraordinárias, são agrupados no singular Iyami (minha mãe).
Os orixás, irunmale-divindades, estão relacionados à estrutura da natureza enquanto os irunmale-ancestrais vinculam-se mais especificamente à estrutura da sociedade. Os antepassados são genitores humanos e os orixás, genitores divinos. O orixá representa um valor e uma força universal e egun, um valor restrito a determinado grupo familiar ou linhagem. Aquele define a pertença do ser humano à ordem cósmica e este, sua pertença a determinada estrutura social. Os orixás regulam as relações com o sistema como totalidade, enquanto  os egunguns regulam as relações, a ética e a disciplina moral do grupo.
 
Orixás
Os orixás são emanações do Ser Supremo, dele possuem atributos e características e têm por propósito servir à vontade divina no governo do mundo.
Algumas destas divindades são primordiais, isto é, participaram da criação do mundo; outras são ancestrais que por suas vidas exemplares, foram deificados e outras personificam forças e fenômenos naturais.
Entre as divindades primordiais figuram, por exemplo, Orixalá, também chamado Obatalá ou Oxalá; Orumilá, também chamado Ifá e Exu, conforme se pode ver no mito cosmogônico.
Entre os ancestrais deificados figuram Xangô, o quarto rei de Oyo, identificado com Jakuta, a primitiva divindade dos raios, relâmpagos e trovões. Personificando fenômenos e forças naturais, há milhares de espíritos, associados às montanhas, montes, rios, rochas, cavernas, árvores, lagos, riachos, florestas. Como por exemplo, o monte rochoso Olumo, de Abeokuta, a quem os egba atribuem a ajuda diariamente recebida.
Os nomes dos orixás são descritivos, informando sobre sua natureza, caráter e funções ou possibilidades. Por exemplo, Jakuta, aquele que briga com pedras, é a divindade do raio e com raio pune os faltosos; Olokun (Ol'= Senhor / okun = mar) é o Senhor do mar; Xapanã (soponna = varíola) é a divindade que pune com varíola, ou promove sua cura. De quantas divindades se compõe o panteão? Em Ile-Ifé, Idowu foi informado que o conjunto soma 200, sendo o rei de Ifé considerado a 201a, o que perfaz um total de 201. Outras fontes orais referem-se a um total de 401, 600, 1060,  1440 ou ainda, 1700.
Em cada localidade o panteão é regido por uma arqui-divindade - o ser espiritual mais importante abaixo de Deus
A palavra orixá é de etimologia obscura. Entre as inúmeras tentativas de elucidação de seu significado, inclui-se um mito apresentado por Idowu, que transcrevo a seguir: Olodumare designou Orixá para vir ao mundo com Orumilá. Passado algum tempo, a arqui-divindade quis possuir um escravo. Dirigiu-se ao mercado de escravos em Emure e comprou um, de nome Atowoda, aquele que alguém traz sobre a própria cabeça. Prestativo e eficiente trazia muita satisfação ao seu senhor. No terceiro dia de convivência Atowoda pediu a Orixá que lhe cedesse uma porção de terra para cultivo próprio. Teve seu pedido atendido e tornou-se proprietário de terras na encosta da montanha que ficava próxima à casa de Orixá. Em apenas dois dias de trabalho limpou o mato, construiu uma cabana e cultivou uma fazenda, deixando seu amo muito bem impressionado. Mas o coração de Atowoda não era bondoso e nele germinou o desejo de destruir o amo. Procurando a melhor maneira para realizar seu intento, maquinou um plano: havia na fazenda grandes pedras e uma delas poderia, em momento oportuno, ser deslocada do alto da montanha, de modo a rolar morro abaixo e cair sobre Orixá. Escolhida a pedra adequada, preparou-a para que pudesse ser facilmente deslocada. Uma ou duas manhãs depois, Orixá encaminhou-se para a fazenda. Atowoda o espreitava sem esforço, pois seu senhor vestia roupas brancas, destacando-se, nítido, na paisagem verde. No momento oportuno, Atowoda movimentou a pedra e a arqui-divindade, entre surpreso e aterrorizado, não teve como escapar e sucumbiu sob o peso da pedra, partindo-se em muitos pedaços, que se espalharam por toda parte.
A história não termina aí: Orumilá tomou conhecimento do ocorrido e, servindo-se de certas práticas ritualísticas recolheu os pedaços de Orixá numa cabaça: Ohun-ti-a-ri-sa - o que foi encontrado e reagrupado. Alguns pedaços foram levados a Iranje, lugar de origem da arqui-divindade e outros foram distribuídos por todas as partes do mundo. A palavra Orixá seria, pois, contração de Ohun-ti-a-ri-sa e esse teria sido o início do culto em todo o mundo. Este mito sugere que originalmente Orixá era uma unidade da qual decorreram todas as divindades. Sugere também que o Uno manifesta-se no múltiplo e que aquilo que é dividido será um dia reagrupado.
Segundo outra interpretação, a palavra orisa seria uma corruptela da palavra orise, contração de Ibiti-ori-ti-se, ou seja, origem (ou fonte) dos ori, designação do Ser Supremo. Esta interpretação enfatiza a íntima participação das divindades na obra de Deus na terra. Os orixás são designados por muitos outros nomes, entre os quais, Imale, palavra talvez originária da contração de Emo-ti-mbe-n'ile, que significa seres supra-normais na terra.
Quais são os principais orixás e qual a hierarquia estabelecida entre eles? Algumas divindades são cultuadas por toda a terra dos Yorubás. Outras são particularmente reverenciadas nesta ou naquela região. Assim, a divindade prioritariamente cultuada em determinada localidade, como Oxum em Osogbo, por exemplo, torna-se a líder do panteão local.
Selecionar algumas dessas divindades para apresentação e, em seguida escolher os traços mais significativos de cada uma delas, traços suficientes para caracterizá-las, constitui tarefa árdua pois os dados são numerosos e sua articulação, complexa.
Awolalu & Dopamu, 1979 – Adaptado por Ifatola;
 __________. Olodumaré: Deus Criador de tudo. Portal dos Orixás. Disponível em: http://www.orixas.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=75:olodumare-e-orisa&catid=32:languages&Itemid=53. Acesso em: 04/06/2012.

0 comentários:

Postar um comentário

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More