Programa dá bolsa em universidade particular para aluno do ensino público.
Parte das vagas é reservada para negros, índios e pessoas com deficiência.
A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou
legal em julgamento nesta quinta-feira (3) a reserva de vagas por
critérios sociais e raciais do Programa Universidade para Todos
(Prouni), em que o governo federal concede bolsas de estudos em
universidades particulares a estudantes egressos do ensino público.
Até as 16h desta quinta, 6 dos 11 ministros da Corte já haviam votado a
favor das cotas. A decisão só poderia ser alterada caso algum deles
altere seu voto até o fim do julgamento.
A ação em análise nesta quinta foi proposta pelo DEM e pela
Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenem) para
contestar a constitucinalidade das cotas no Prouni. O julgamento começou
em 2008, com o voto do relator, ministro Carlos Ayres Britto, favorável
à manutenção das regras, e contrário à ação proposta. O julgamento foi
interrompido devido a um pedido de vista do ministro Joaquim Barbosa,
primeiro a votar nesta quarta.
Barbosa defendeu a medida, que considerou uma forma de se combater o
que chamou de "ciclo de exclusão" educacional. "Investir pontualmente,
ainda que de forma gradativa, mas sempre com o objetivo de abrir
oportunidades educacionais a segmentos mais amplos, que historicamente
não as tiveram, constitui um objetivo governamental constitucionalmente
válido", afirmou Barbosa. "O importante é que o ciclo de exclusão se
interrompa para esses grupos sociais desavantajados", completou.
Sobre a possibilidade de que as regras desrespeitem o princípio da
isonomia, da igualdade entre os estudantes, o ministro foi taxativo. "A
lei atacada não ofende o princípio da isonomia, ao contrário, busca
timidamente efetivá-lo". Para o ministro, a lei também não afeta a
autonomia universitária, já que as instituições de ensino superior não
são obrigadas a aderir ao programa.
Os ministros Rosa Weber, Luiz Fux, Antônio Dias Toffoli, Cezar Peluso
também concordaram com o voto do relator, mantendo as regras da forma
como estão. Até cerca de 16h, faltavam os votos dos ministros Gilmar
Mendes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello. O ministro Ricardo
Lewandowski não participa da sessão, e a ministra Cármen Lúcia se
declarou impedida de participar do julgamento.
Na última semana, o STF validou a política
de cotas raciais em universidades públicas ao julgar ação do DEM que
questionava a reserva de 20% das vagas para negros e um número variável
para índios na Universidade de Brasília (UnB). A Corte decidiu que a
política está de acordo com a Constituição e é necessária para corrigir o
histórico de discriminação racial no Brasil.
Reserva de vagas
Segundo informações da assessoria do STF, a lei determina que os beneficiários do Prouni devem ter cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral.
Parte dessas bolsas deve ser concedida a negros, indígenas e pessoas
portadoras de necessidades especiais. Além disso, a renda familiar não
pode ultrapassar um salário mínimo e meio para a bolsa integral e três
salários para a bolsa parcial.
A Confenem alegava que a reserva de bolsas por critérios sociais e
raciais ofende o princípio constitucional da isonomia entre os cidadãos.
A ADI questiona ainda que o ProUni não deveria ter sido criado por meio
de medida provisória porque não atende aos requisitos de "relevância e
urgência".
Prouni
O Prouni foi criado pelo governo em 2004 e entrou em vigor em janeiro
de 2005. Desde então, concede bolsas de estudo integrais e parciais em
cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em
instituições privadas de educação superior.
Em contrapartida, as instituições que aderem ao programa recebem
isenção de alguns tributos, como o Imposto de Renda das Pessoas
Jurídicas, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), além de PIS
e Cofins.
Segundo o Ministério da Educação, o Prouni já atendeu, desde sua
criação até o processo seletivo do segundo semestre de 2011, 919 mil
estudantes, 67% com bolsas integrais.
PARREIRA, Marcelo. Maioria do Supremo vota a favor de cotas no Prouni. Portal GLOBO. Disponível em: http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2012/05/maioria-do-stf-vota-favor-de-cotas-para-indios-e-negros-no-prouni.html. Acesso em: 06/05/2012.
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